O banheiro não tinha água. O campo não tinha luz. A pelada estava atrasada. Alguns pensavam em desistir. Mas eu insisti. Vai ter jogo! Vesti o uniforme. Camisa, short e até cueca da Adidas. Falsificados, claro. Esqueci um meião. O tênis emprestado pelo artilheiro Check. Será que vai dar sorte?
Antes da partida, Wellington e Romualdo tomam um cerveja. Uma não, umas. Rodrigo Florêncio fuma um cigarro. Ricardo Avelino, Bruno Botafoguense, filho da sambista Lene Moraes e eu usamos óculos – Leandro Nunes usa lente.
É a primeira vez que vou jogar de óculos. A luz é pouca e minha miopia pede um foco. Os refletores do lado direito, que estavam apagados, se acendem assim que entramos em campo – o gramado é sintético, mas prefiro o termo campo, mais propício ao futebol, do que quadra.
Vai começar o espetáculo! Gordinhos, altões, barbudinhos, quatro olhos, jovens e coroas desfilam suas categorias. Um domínio de bola perfeito. Um chute no ângulo. E até uma bicicleta! Também têm furadas incríveis! Mão na bola! Goleiro levando gol por debaixo das pernas.
Esta é a Tradicional Pelada Anual da Imprensa, que pelo quinto ano consecutivo foi realizada no Clube Folha Seca (Uma homenagem ao campista bicampeão mundial, Didi), como parte da programação – e um dos pontos altos – da Semana da Imprensa da Associação de Imprensa Campista.
Depois de duas partidas, uma vitória para cada lado, a resenha no bar, a melhor parte da festa. Risos, gargalhadas com as histórias do folclórico Check, jogador de futebol amador, de 58 anos de idade, que contabiliza mais de 3 mil gols na carreira.
Só nesta pelada de sexta à noite foram nove. E olha que ele ainda perdeu um pênalti, fora outros gols feitos. Mas se Check não é um craque, é incontestável que ele é goleador. Sabe se posicionar bem e está sempre no lugar certo na hora certa.
Como não podia ser diferente, o último gol, o da vitória do time de preto, que encerrou a pelada foi dele, em passe deste que vos escreve. Check saiu satisfeito. E pronto para mais uma.
Eu, que estou muito tempo sem jogar, já tomei um relaxante muscular, que é prá quando depois de 48 horas a dor aparecer, eu não sentir tanto.
Entre bolas cheias e bolas murchas, salvaram-se todos!
sábado, 31 de maio de 2014
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